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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Light it up

Iluminismo. Apareceu na França do século XVII e defendia a razão em detrimento da fé, a 'iluminação' da Idade das Trevas (Idade Média). Para os iluministas, o mundo teocêntrico, mítico, enigmático e dogmático deveria ser repensado de forma que a busca pelas respostas e os problemas deveria partir da razão, do conhecimento. Ao longo do movimento, vários filósofos e estudiosos contribuíram para o crescimento intelectual do ser humano, e nós vamos explorá-los aqui aos poucos. Nomes como Voltaire, John Locke, Rousseau, Montesquieu, Diderot e outros serão dissecados e suas ideias debatidas. Até esse período, tudo era vontade de Deus, todas as perguntas óbvias eram dádivas de Deus e os questionamentos que não podiam ser explicados recorriam à fé, a Deus para serem respondidos. Deus era o centro, a origem, a verdade, o futuro, o conhecido e o desconhecido. Por ele, e em seu nome, se vivia e se matava. Principalmente matava.

Entretanto... mais de 300 anos se passaram de lá pra cá e o cenário hoje não é muito diferente. Diariamente vemos as atrocidades cometidas pelo mundo em nome dos deuses, sejam eles quem forem. Guerras aconteceram e milhões foram mortos, subjugados e julgados como não-dignos de viverem no Planeta Terra apenas por discordarem da ideologia dominante. Enquanto a ciência evolui assustadoramente, tornando os sonhos dos nossos antepassados em realidade, a cabeça do ser humano não consegue evoluir com esse bloqueio exercido - com perfeição, diga-se de passagem - pelas tantas igrejas e seitas que existem, cada uma delas pregando sua verdade.

Se hoje conversar com outra pessoa do outro lado do mundo 'apenas' por voz ou por vídeo, passar por procedimentos cirúrgicos totalmente efetuados por uma máquina com perfeita precisão, jogar xadrez com um computador (e ganhar!), percorrer milhares de quilômetros em poucas horas cruzando os céus, gerar crianças em laboratórios para pais inférteis, obter um diploma sem sair de casa, dentre tantas outras coisas que nos são banais, porque ainda vemos então guerras 'santas'? Porque ainda vemos preconceito e discriminação de ideologia? Porque ainda vemos intolerância religiosa? Porque ainda assistimos na televisão uma pessoa matar outra em nome de Deus e com a esperança de ser salva por ter feito a Sua vontade? Isso tudo é simplesmente inadmissível.

Por essas razões é que precisamos de um novo iluminismo, recauchutado, modernizado, atualizado. Precisamos dar mais voz à ciência, à tecnologia, ao naturalismo. O planeta clama por uma mudança de postura de vida de todos. Não podemos mais continuar fazendo como nossos ancestrais indígenas que faziam danças para que chovesse e depois outra dança para que parasse de chover.

Precisamos, acima de tudo, entender o Planeta como um ambiente vivo, parte fundamental da nossa própria vida. Parar de buscar no divino as respostas para o que não entendemos e buscar essas respostas no empirismo, na observação dos fatos, no conhecimento científico.

Na Idade das Trevas, a crença difundida era que o planeta era achatado e que ao final do oceano existiria uma depressão e o mundo acabaria. Acreditava-se que a Terra era o centro do universo - e quantas pessoas morreram por discordar desse absurdo. Absurdo maior ainda é ver que hoje as crenças mudaram de endereço, mas continuam no mesmo departamento.

Não, o mundo não é chato, a Terra não é o centro do universo, não existem criaturas fantásticas nos oceanos nem tampouco dragões sobrevoando nossas cabeças. Da mesma forma que não existe também um Deus brincando de marionete conosco, decidindo quem terá uma vida digna ou não, sentado num trono no céu e disputando com seu alterego maléfico quem dominará o mundo.

Acordemos!

2 comentários:

  1. Concordo que precisamos ver o planeta de outra forma e adotar novas posturas.. mas só . Do último parágrafo, discordo veementemente. O texto tá muito bom (:

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  2. Discordância é o princípio básico para resolver qualquer problema que existe!

    A bronca é quando as pessoas discordam com violência ou com intolerância - o que não é nosso caso.

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