Ruínas de Lisboa, 1755 (Wikipedia) |
Destruição à parte, o que me chamou especialmente a atenção foi a obra Poème Sur Le Désastre de Lisbonne (Poema Sobre o Desastre de Lisboa), do iluminista Voltaire. Na época, como se é sabido, tudo que acontecia ou não era atribuído a Deus. Nesse contexto, nada mais natural do que imaginar o que se passava na cabeça dos lusitanos: certamente Deus os havia castigado de uma forma terrível, por sabe-se lá o quê que eles tenham feito e que mereceriam tamanho castigo. Nessa obra, Voltaire escreve e cita Epicuro, questionando a onipotência e a benevolência de Deus todo-poderoso:
Voltaire (Wikipedia) |
Esse questionamento é fundamental para que entendamos o princípio do Iluminismo. Não foi o terremoto e a destruição em si que despertaram os filósofos da época para o racionalismo, mas os acontecimentos estavam inseridos numa época de grandes transformações na sociedade Europeia (e por extensão, mundial): além do Iluminismo, a Revolução Industrial dava as caras na Inglaterra e trazia consigo o Capitalismo, que mudaria completamente as relações trabalhistas e sociais no mundo.
Epicuro (Wikipedia) |
Hoje em dia convivemos com terremotos quase que diariamente. Países como o Japão cultivaram o costume de estarem sempre preparados para um desastre assim, construindo prédios com molas e treinando todos os habitantes para situações de emergências. No último terremoto acontecido lá, em fevereiro, era impressionante ver a calma dos cidadãos e a certeza de que o Estado iria prover o que lhes faltasse. Com tempo, tudo se reorganizaria. Uma cratera em uma autoestrada foi recuperada em apenas 6 dias! Isso no Brasil levaria pelo menos 6 meses para ser feito. Além de conviver com tais catástrofes, hoje temos a plena consciência de que esses fenômenos não são obras da Divina ira, mas meros reflexos dos choques entre as placas tectônicas que bailam sob os oceanos num ritmo frenético que assusta a todos nós. Agora imagine explicar isso aos medievos...
Epicentro do terremoto e áreas atingidas (Wikipedia) |
Hoje chega a ser ridículo para nós imaginar que o povo da época achava que estava sendo castigado por Deus. Hoje sabemos que Deus não tem nada a ver com isso. Talvez se as construções na cidade fossem mais espalhadas nas áreas mais afastadas do litoral e menos empilhadas, como disse Voltaire, a destruição tivesse sido menor. Ou não, já que o terremoto foi realmente absurdo e foi sentido em várias regiões da própria Europa, da África e da América.
Marquês de Pombal |
Fica o questionamento: até quando a ignorância das pessoas permitirá que catástrofes continuem acontecendo nos dias de hoje? Até quando as religiões manterão seus fiéis cegos, desconectados do mundo contemporâneo em nome de dogmas de milhares de anos atrás? Muito dos problemas que a sociedade enfrenta atualmente se vale da intolerância originada há séculos entre os povos, intolerância essa enraizada cada vez mais no fanatismo religioso, pregado através de todos os meios disponíveis.
Ah, e pra encerrar, fica a dica para aquela cidadã que tuitou a maior besteira do mundo quando do terremoto/tsunami no Japão no início do ano, lembram?
O retrato da ignorância, da cegueira e do fanatismo religioso. A famosa lavagem cerebral. |
Acordemos!
«Muito dos problemas que a sociedade enfrenta atualmente se vale da intolerância originada há séculos entre os povos, intolerância essa enraizada cada vez mais no fanatismo religioso, pregado através de todos os meios disponíveis»
ResponderExcluirPode citar alguns desses problemas oriundos da religião, que condena com esta passagem?
A violência não é exclusiva da religião, mas do ser humano e de grupos de poder, sejam eles religiosos ou não.
Uns batem nos pais, outros roubam e matam, outros violam mulheres, outros ainda ofendem física e psicológicamente o semelhante. Existem grupos rebeldes e outros delinquentes por esse mundo fora, e posso citar exemplos do méxico, Buenos Aires, Brasil, África do Sul, Colombia, para além da criminalidade que se verifica em Portugal. Porque não referir as guerras que existem no mundo devido a interesses económicos.
Em que actos que acabei de referir existe a religião como pano de fundo?
Francisco
Pois é, ainda bem que esse mesmo Deus que tu desdenha está pronto para te perdoar quando tu desejares.
ResponderExcluirUm abraço, te aguardo no céu.
Se houver céu, espero não encontrar com pessoas como você.
ResponderExcluirpra você, nõa há céu. porque vai direitinho para o lago de fogo.
ExcluirSe durante toda a tua vida você nada fez, de que te vale a eternidade?
ExcluirA vossa "espécie iluminista" (maçonica) negam a DEUS e a CRISTO, porque adoram e rezam àquele que disse a Eva. "comei e sereis como deuses".
ResponderExcluirÉ graças a esses ignorantes, o motivo pelo qual a humanidade não evolui, sempre a procura do seu criador buscando refúgio e se esquivando da culpa e rejeitando o conhecimento.
ResponderExcluirPIOR Q. AQUELES Q. OFERECEM, SÃO AQUELES Q. ACEITAM.
ResponderExcluirANONIMA
Cada um tem o livre arbítrio de pensar e agir como quer. Mas olhem ão seu lado e vejam a perfeição em tudo, leis naturais sábias governando o Universo. Sim de sua arrogância e procurem um ser que teria tanta inteligência e poder para realizar tudo isso. O homem tem progredido.
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